INDOMÁVEL
Transita a vida pelo tempo,
passam as pessoas apressadas,
aprisionadas nos desejos,
liquefeitas nas metas - impulsos
e nos tique-taques dos relógios
presos aos seus pulsos.
Blim, blem!
Bléimmmm! blom!
Badalam os sinos
no alto da catedral,
alertando a cidade,
bem cedinho,
para a nossa efemeridade.
Galopa solto o tempo
na garupa do vento.
O tempo que é livre,
carrasco indomável,
crava em cada passo
o brasão da sua face.
Atravessa os quatro cantos
redondos do mundo,
entre brisas e vendavais,
em diálogo constante
com a destemida realidade.
Entre sorrisos, assovios e ais,
segue o vento o seu destino
[a carregar o tempo]
anunciando as suas façanhas.
Ao final da tarde
invade a boca da noite
e percorre as suas entranhas.
Prossegue o tempo
no seu galope,
voeja nas madrugadas,
profetiza sonhos,
desejos de mais um gole
e apaixonadas serenatas.
Aos primeiros raios da aurora
atiça os galos em seus terreiros,
que com seus cânticos
anunciam um novo amanhecer
que novamente passará.
Em cada varanda a vida passa
e continuará a ser miscível,
perecível e bela,
no fluxo infindável do tempo.
Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 02/04/2025
Alterado em 10/05/2025
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